Houve uma vez dois verões
(2002, SD/35 mm, 75 min, 1.66:1)
Chico, adolescente em férias na “maior e pior praia do mundo”, encontra Roza num fliperama e se apaixona. Transam na primeira noite, mas ela some. Ao lado de seu amigo Juca, Chico procura Roza pela praia, em vão. Só mais tarde, já de volta a Porto Alegre e às aulas de química orgânica, é que ele vai reencontrá-la. Chico quer conversar sobre “aquela noite”, mas Roza conta que está grávida. Até o próximo verão, ela ainda vai entrar e sair muitas vezes da vida dele.
Créditos
Direção: Jorge Furtado
Produção Executiva: Nora Goulart e Luciana Tomasi
Roteiro: Jorge Furtado
Direção de Fotografia: Alex Sernambi
Direção de Arte: Fiapo Barth
Música: Leo Henkin
Planejamento de Produção: Ana Luiza Azevedo
Direção de Produção: Marco Baioto e Débora Peters
Montagem: Giba Assis Brasil
Assistente de Direção: Alfredo Barros
Uma Produção da Casa de Cinema PoA
Elenco Principal:
André Arteche (Chico)
Ana Maria Mainieri (Roza)
Pedro Furtado (Juca)
Júlia Barth (Carmem)
Victória Mazzini (Violeta)
Prêmios
- 12° Cine Ceará, Fortaleza, 2002: Melhor Filme (Prêmio da Crítica), Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Montagem.
- 5º Festival do Cinema Brasileiro de Paris (França), 2003: Melhor Filme (Júri Oficial).
- 4° Grande Prêmio Cinema Brasil, 2003: Melhor Roteiro Original.
- 2° Down Under International Film Festival, Darwin (Australia), 2004: Melhor Roteiro.
Algumas críticas
“É melhor então manter um olhar desconfiado para os elogios caretas a Houve Uma Vez Dois Verões. Decerto é muito bacana que tenhamos um filme tão agradável, com uma estrutura tão eficiente e uma delicadeza tão grande com seus personagens - mas o mais importante nisso não é o fato de que o filme se comunica bem com sua platéia, é o fato de que ele tem o que comunicar, ao contrário do que pensam alguns. Se a narrativa usa esquemas de estrutura de roteiro com naturalidade e inteligência, sem parecer engessada ou programada, não é isso que torna o filme rico, é seu interesse pelos dramas dos seus personagens - e a origem disto não está nos manuais de roteiro.”
(Daniel Caetano, revista virtual CONTRACAMPO, janeiro/2003)
“Jorge Furtado demonstra hábil capacidade de lançar piadas e tiradas no colo do espectador como cargas explosivas, coisa incomum no texto nacional para cinema. (…) Os desdobramentos, ao longo de 80 minutos enxutos, são consistentes, deixando o espectador com sorriso constante e, vez por outra, às gargalhadas. Produto competente, comunicativo e capaz de estabelecer diálogo inteligente com o público.”
(Kleber Mendonça Filho, JORNAL DO COMÉRCIO, Recife, 01/11/2002)
“Um dos filmes mais legais produzidos no Brasil neste ano, HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES tem roteiro e direção de Jorge Furtado, parceiro de Guel Arraes em Caramuru e um dos mais cultuados cineastas do País. Furtado, portanto, garante a qualidade deste que é seu primeiro longa. (…) Não perca: é um filme feito com linguagem ágil e diálogos certeiros, que encanta jovens e adultos.”
(DIÁRIO DE PERNAMBUCO, Recife, 01/11/02)
“Pare para pensar. Quantas vezes o cinema brasileiro produziu fitas voltadas para o público adolescente? Talvez pela escassez, o simpático HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES seja parecido com um oásis no deserto. (…) Com linguagem coloquial, diálogos saborosos e movido ao som underground de Wander Wildner, Ultramen e Sombrero Luminoso, entre outros roqueiros do sul, o filme só tem a pretensão de divertir o espectador por pouco mais de uma hora. Consegue.”
(Miguel Barbieri, VEJA SÃO PAULO, 01/10/2002)
“HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES não sofre da anemia intelectual típica das produções teens atuais, sem deixar, no entanto, de ser saudavelmente pop. (…) O curto filme (tem pouco mais de uma hora e dez minutos de duração) chama a atenção pelo ótimo roteiro e pelos diálogos cheios de humor e que fogem do óbvio. Furtado conta que os atores ajudaram na criação dos personagens.”
(Bruno Porto, O GLOBO, Rio de Janeiro, 24/09/2002)
“O simples fato de uma equipe gaúcha, dirigida por Jorge Furtado, ter partido para uma produção declaradamente juvenil, merece louvor, senão por outra coisa, no mínimo pelo pioneirismo. A bem da verdade, ele não contava sequer com um parâmetro a seguir, um confronto para negar. E pois não é que, para surpresa geral, deu conta do recado com competência, graça e sobretudo leveza? (…) A vantagem do filme de Jorge Furtado sobre as pornochanchadas e as obras de arte que, de um jeito ou de outro, abordaram isso tudo relacionado aí em cima, é que: (1) o faz sem pretensão nenhuma a filosofar profundamente sobre cada um deles; (2) tem uma abordagem leve e bem-humorada, o que não significa que seja também obrigatoriamente superficial, muito antes pelo contrário.”
(José Nêumanne, JORNAL DA TARDE, São Paulo, 22/09/2002)
“Em cartaz em São Paulo, HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES consegue retratar os adolescentes, suas dúvidas e ansiedades com irreverência e fidelidade. Furtado constrói personagens que têm como trunfo uma aparente normalidade. São jovens sem afetação e sem rótulos estampados na testa, gente comum que você acha que pode encontrar a toda hora em qualquer lugar. (…) No lugar de pirotecnias tecnológicas, Furtado usou duas armas: um roteiro bem estruturado, com um humor sutil, e um modo de filmar clássico, seguro, sem grandes invenções.”
(Guilherme Werneck, FOLHATEEN, São Paulo, 16/09/2002)
“Há uma beleza talvez em segundo plano nesse filme despojado, e que envolve a natureza mesma do ato amoroso. Ninguém é realista quando está apaixonado. Quando se consegue ser objetivo, é porque a paixão já era. Quando tem uma decepção com o ser amado, o que acontece não é que o decepcionado comece a mentir para si mesmo. Isso seria simplista. Ele passa é a desenvolver um tipo elaborado de raciocínio, talvez delirante, que consistirá em atribuir razões e motivações ocultas para o ato da pessoa amada, de tal forma que esse ato passe a ser, se não desculpável, pelo menos compreensível. E assim manterá a crença na previsibilidade do comportamento do outro, e alimentará a esperança no futuro. Quando esse mecanismo for desmontado, será sinal de que a paixão passou, como passam os verões.”
(Luiz Zanin Oricchio, O ESTADO DE SÃO PAULO, 06/09/2002)
“O AMOR VÊ LONGE: O primeiro longa-metragem do principal diretor brasileiro de curtas é despretensioso mas sábio. (…) Os atores se destacam pela autenticidade e as imagens captadas com câmera digital servem ao tom poético. Mas o ponto alto está na generosidade com os personagens. Furtado não esbarra em posturas moralistas, não julga mocinhas de caráter questionável e foge da vulgaridade das comédias juvenis americanas. (…) A sabedoria do diretor está em mostrar que, em vez de cego, o amor enxerga essências por trás das ações. Vê longe o suficiente para detectar beleza em seres com atitudes condenáveis pelo senso comum.”
(Cléber Eduardo, Revista ÉPOCA, 02/09/2002)
Tema musical
“Lets’s surf”, de Leo Henkin