Virgínia e Adelaide
2024, HD, 96 min, 1.77:1

Adelaide e Virgínia se conheceram em 1937, um ano após a chegada da alemã ao Brasil, fugindo da perseguição nazista aos judeus, para onde veio com seu marido e duas filhas. Juntas, fundaram e popularizaram a psicanálise no Brasil, quebrando barreiras e preconceitos. Foram médica e paciente por 5 anos, colegas por mais de 30 anos, amigas a vida inteira.
CRÉDITOS
Direção: Yasmin Thayná e Jorge Furtado
Roteiro: Jorge Furtado
Produção Executiva: Nora Goulart
Direção de Fotografia: Lívia Pasqual
Direção de Arte: Vanessa Rodrigues e Richard Tavares
Trilha Sonora: Maurício Nader
Direção de Produção: Jeferson Silva
Montagem: Giba Assis Brasil e Jonatas Rubert
Uma Produção da Casa de Cinema PoA
Elenco:
Gabriela Correa (Virgínia Bicudo)
Sophie Charlotte (Adelheid Koch)
CRÍTICAS
“O encontro de duas gerações de realizadores resulta em um filme que prioriza o formato narrativo mais clássico, utilizando-se de poucas locações, dos muitos e longos diálogos e das comprometidas atuações das atrizes Sophie Charlotte e Gabriela Correa. O resultado não exclui a inserção de pequenos gestos de experimentação das imagens, mas sem perder de vista a centralidade da relevância de duas mulheres que marcaram a história o país.”
(Diego Benevides, Verso, Diário do Nordeste, 24/08/2024 | 08:00)
“Os próprios diálogos iniciais revelam-se plenos de sentido. A psicanálise, afinal, é essencialmente conversa, troca de experiências, memórias e impressões. O cinema, idem. É essa confluência entre o cinema e o processo analítico que o filme parece buscar - e ocasionalmente encontrar - na alternância entre os rostos e corpos que falam (por vezes com a tela dividida ao meio) e também nas associações de imagens, de evocações, de sonhos e devaneios.”
(José Geraldo Couto, Outras Palavras, 22/05/2025 | 16:51)
“Virginia e Adelaide é muito bem escrito e interpretado, com soluções engenhosas de mise-en-scène. Quando as duas se apresentam, Jorge e Yasmim filmam em plano/contraplano, quebrando a quarta parede. Gabriela e Sophie falam diretamente para a câmera. O filme é cheio desses recursos que quebram a dramaturgia tradicional.”
(Luiz Carlos Merten, Blog, 17/08/2024)
“Como é recorrente nas produções escritas e/ou dirigidas pelo cineasta, o filme costura com fluência cenas dramáticas com apresentações informativas que remetem ao cinema documentário. Merece destaque também a recriação da primeira sessão de análise de Virgínia com Adelaide em uma longa sequência que convida o espectador a partilhar da intimidade de um consultório médico.”
(Roger Lerina, Matinal, 07/05/2025)
“Além da importância temática, o filme se destaca pela concepção dos ambientes. Há uma alternância entre a proposta realista do consultório de Adelaide, onde se passam muitas sequências, e espaços abstratos e assumidamente cenográficos que, em todo caso, trazem Virgínia e Adelaide envolvidas em situações concretas (apresentação de programa de rádio, leitura de cartas). (…) Bonequinho aplaude.”
(Daniel Schenker, O Globo, 08/05/2025 03h00)
“Um dos aspectos mais interessantes do filme são as camadas de discussão que apresenta, primeiramente colocando em comparação as vidas de Virgínia - uma filha de negro beneficiado pela Lei do Ventre Livre, no século anterior, e que sofre todo tipo de discriminação para poder trabalhar com saúde pública - e Adelheid, judia alemã que foge da ascensão nazista em Berlim, encontrando refúgio no Brasil. Ambas são mulheres perseguidas pelo contexto histórico-social e que se fortalecem nessa amizade.”
(Paulo Henrique Silva, O Tempo (Estado de Minas), 08/05/2025 | 07:00)
“É espantoso notar que apenas duas atrizes nos carregam durante os 94 minutos de duração. Virgínia e Adelaide privilegia o diálogo, mas não é cansativo. Uma obra que carrega muita informação, mas que não soa professoral. E muito desse predicado está, claro, na direção das atrizes, mas, principalmente, no talento de Gabriela Correa e de Sophie Charlotte.”
(Rodrigo de Oliveira, Almanaque21, maio/2025)
“O encontro das duas mulheres propicia uma curiosa identificação pela condição comum de perseguidas, uma pelo racismo, outra pelo antissemitismo. A relação profissional evoluiu para uma parceria e uma grande amizade. O filme constrói esse encontro por meio de consultas/diálogos questionadores de ambas as partes, que vão forjando um laço de afeto e de trocas recíprocas. Até mesmo os paralelismos de roupas e adereços pessoais servem a esse intuito.”
(Carlos Alberto Mattos, blog, 12/05/2025)
“Vale ressaltar que a assinatura de Furtado na direção não aparece sozinha. Ao lado dele, está Yasmin Thayná, jovem cineasta, com premiada carreira nos curtas-metragens. (…) A proeza de Thayná e Furtado é conseguir abarcar três assuntos tão complexos evitando sobressaltos de roteiro e escapando de abordagens levianas.”
(Naief Haddad, Folha de Sâo Paulo, 14/05/2025 | 10:00)
“Seria um engano pensar que a produção interessa apenas a psicanalistas. O filme abre uma grande janela para quem deseja se inspirar na potência subversiva que nasce da amizade entre duas mulheres marcadas pela raça.”
(Carolina Mousquer Lima, Sul21, 06/05/2025)
“Um delicado exercício de interseção entre as macropolíticas brasileira e europeia e as formas como a História interfere de maneira penetrante na vida psíquica das pessoas.”
(Ana Flávia Gerhardt, Longa História, 30/04/2025)
“Em tons pastéis como recurso para transportar o espectador ao passado, ‘Virgínia e Adelaide’ tem uma ótima caracterização de arte, ambientando toda a sua trama basicamente em um único cenário - a casa de Adelaide -, totalmente revestida com objetos e props das décadas de 1940/1950.”
(Janda Montenegro, CinePOP, 23/04/2025)
“Fugindo da narrativa tradicional, VIRGÍNIA E ADELAIDE se permite momentos mais inventivos. Cenários mudam, ganham uma poética interessante, especialmente quando as personagens divagam sobre seus passados.”
(Brunow Camman, Curitiba Cult, 29/04/2025 09h00)
“O filme serve primeiramente como uma plataforma de destaque para as duas atrizes, Correa e Charlotte. É servido a elas um roteiro com muito a dizer pela fala, onde passam a maior parte do tempo sentadas, necessitando toda uma incorporação física para que o filme contenha algum senso de movimento. A responsabilidade é grande, e o talento também.”
(Luiz Oliveira, Metrópoles, 17/08/2024 16:02)
“Nem as famosas cenas da filmografia de Woody Allen, nem as longas minisséries sobre a cena psicanalítica produzidas recentemente conseguem tamanha aproximação com a realidade da clínica cotidiana das muitas psicanálises existentes. (…) certamente porque a direção instalou, no coração do filme, a potência luminosa de um real encontro entre duas pessoas. A psicanálise entra como grande catalisadora e potencializadora daquela improvável relação, e faz uso da estrangeiridade como combustível para tal feito - a língua estrangeira das dores e delícias do outro como matéria prima de eventuais transformações.”
(Eduardo São Thiago Martins e Luciana Saddi - SBPSP, Observatório Psicanalítico OP 572/2025 19/03/2025)
“É ótimo assistir o bate e volta das conversas entre a dupla, os malabarismos argumentativos e a relação que vai se formando entre as duas, algo que fica ainda mais envolvente considerando a barreira linguística entre elas e a dificuldade de Virgínia em se abrir completamente para a experiência. O filme encontra uma pérola nas interpretações de duas ótimas atrizes.”
(Roberto Honorato, Plano Crítico, 05/11/2024)
“Seria tão óbvio quanto irrelevante taxar o dispositivo de teatral, graças à encenação assumida enquanto tal. Ao invés de filmarem o nazismo, os cineastas Yasmin Thayná e Jorge Furtado preferem discutir o tema; ao invés de representarem imageticamente o racismo, conversam a respeito. (…) O longa-metragem é lúdico, pedagógico, esmiuçando sempre que possível suas intenções, objetivos, e fornecendo contextualizações históricas.”
(Bruno Carmelo, Meio amargo, maio/2025)
“Contar essa história por meio do olhar das duas persongens é uma daquelas decisões que devem ser celebradas como um grande acerto. (…) No decorrer de 96 minutos, enxergamos, em cena, apenas as duas atrizes principais: Gabriela Correa e Sophie Charlotte. (…) Com grande competência, ambas tiraram de letra. Há uma forte sensação de cumplicidade e de amizade cada vez que elas aparecem.”
(Bruno Giacobbo, Rota Cult, 07/05/2025)
“Com apenas as duas personagens em cena, o filme muitas vezes lembra uma peça de teatro, com diálogos dinâmicos, longos monólogos e praticamente todo ambientado em um único cenário. (…) Porém, ao longo de pouco mais de uma hora e meia de duração, vemos muito mais do que isso. Somos transportados para o passado e conhecemos a dor de duas mulheres que ainda tateiam e tentam compreender temas como o racismo no Brasil e o Holocausto na Alemanha.”
(Pedro Gilio, Omelete, 08/05/2025 | 06:00)