(mensagem para um grupo de amigos colorados)
27/07/2022
“Palmeiras avalia em R$ 10 milhões o prejuízo por eliminação com erro do VAR”
Bem assim se compõe a manchete do UOL (acima): a foto de uma diretora de instituição financeira + uma frase sobre um prejuízo de uma outra instituição (por acaso presidida pela mesma pessoa) + uma frase sobre um erro que teria provocado o tal prejuízo. O detalhe é que, nessa última frase, o “erro”, que em futebol sempre foi subjetivo, é tornado objetivo, inquestionável: “jogo teve erro de VAR”.
Aliás, taí mais uma mudança que o VAR pode ter decretado: ele não acabou com os erros de arbitragem (longe disso, como sabemos), mas pode tê-los transformado em “falhas objetivas”, pelo menos quando provocam prejuízos a instituições financeiras.
Alguém perguntou quanto o Avaí F. C. teve de prejuízo com a anulação (eu tinha colocado um adjetivo aqui, mas vamos deixar só “anulação”) do gol do William Pottker contra o Flamengo no domingo? Detalhe: o F.C. do Avaí é “Futebol Clube”, não “Financiamento e Crédito”.
Mas o que me ocorreu vendo a manchete do UOL é: juntando a financeirização dos clubes (ou ao menos de alguns deles) + a precificação dos resultados dos jogos + a dessubjetivação das decisões de arbitragem, o que obtemos? Uma nova espécie de balcão de reclamações, um Procom do futebol? Ou apenas um espaço para chantagem? Leiam o texto da manchete, junto com a simbologia da foto: parece mais o quê?